Nesse livro, a autora fala sobre os desafios que enfrenta a Educação Médica no que tange à mudança da formação médica tradicional para outra de olhar ampliado, que se apropria das críticas presentes no discurso da Saúde Coletiva brasileira nos últimos anos. Para tal, descreve e analisa a experiência da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense (FMUFF) no contexto de sua reforma curricular, pelo acompanhamento dos cenários de prática pelos grupos de alunos e preceptores das disciplinas Trabalho de Campo Supervisionado (TCS) I e II.
O livro conta com uma contextualização político-social da mudança de paradigma entre o “olhar anatomoclínico” – hospitalocêntrico, tecnocentrista e com foco na doença – e o “olhar ampliado”, que se caracteriza pelos conceitos de integralidade, clínica ampliada, intermultidisciplinaridade, tecnologias leves e formação com cenários diversos, culminando nas novas Diretrizes Curriculares dos cursos médicos.
Para construir o estudo, a pesquisadora fez uma abordagem etnográfica, utilizando os métodos de análise documental, observação participativa e entrevistas, tendo como campo a reforma curricular e as disciplinas TCS I e TCS II da FMUFF – e mantendo-se, ao mesmo tempo, perto e distante do “objeto de estudo”. Como resultado o leitor tem acesso aos cenários multidisciplinares de prática vividos pelos alunos dos dois primeiros anos médicos da UFF para trabalhar temas como Envelhecimento, Aids e as Unidades Básicas de Saúde.
Com esses relatos, críticas, análises e discussões, a autora contribui não só para a reflexão sobre as práticas de ensino e compromisso social das faculdades de medicina, mas também para o fortalecimento da Saúde Pública, que se beneficia integralmente da “ampliação” da antiga visão de formação médica.
*Maria Inês Nogueira é médica (FMUFF, 1985), mestre em Saúde Pública (Ensp/Fiocruz, 1993), doutora em Saúde Coletiva (IMS/Uerj, 2003), professora adjunta do Instituto de Saúde da Comunidade da Universidade Federal Fluminense desde 2008 e pesquisadora associada do Grupo “Racionalidades em saúde: sistemas médicos e práticas complementares e integrativas”, participando ativamente da linha de pesquisa “Ensino e formação profissional em saúde: questões relativas às distintas racionalidades médicas e práticas integrativas em saúde”.
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