Uma atividade de extensão vinculada ao curso de graduação em Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro(FCM-UERJ), a Liga de Medicina Complementar e Integrativa (Limci) é um exemplo de como o estudo das Racionalidades Médicas vem crescentemente permeando todos os níveis do ensino. Como uma liga acadêmica, a Limci segue dois princípios básicos: compreende as práticas de ensino, pesquisa e extensão; e foi criada e é gerida por estudantes de graduação. A importância disso deve ser enxergada a curto e longo prazo, no sentido de que não só esses estudantes tiveram interesse em conhecer e aprimorar seu conhecimento nas Racionalidades Médicas, como eles serão potenciais vetores de disseminação desse conhecimento. Segue, abaixo, um breve relato cedido pela Gestão 2013 da Limci para o grupo:
“O projeto surgiu em 2007 como uma liga acadêmica, usando a nomenclatura Liga Alternativa, e se tornou em 2009 um projeto de extensão levando os conhecimentos obtidos nas aulas para a sociedade.
A implantação do projeto foi motivada pela crescente divulgação das práticas terapêuticas nos meios de comunicação, acompanhado por um aumento de seus adeptos dentro da sociedade brasileira. Uma grande parte dessas terapias conta com muitos estudos e artigos científicos e são utilizadas há muito tempo pela população mundial. Acupuntura, homeopatia e hipnologia fazem parte da lista de especialidades médicas reconhecidas pelo conselho federal de medicina. Além disso, o governo federal criou em 2006 a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) o que levou a um aumento considerável dos atendimentos em homeopatia e acupuntura no SUS, que em 2008 contabilizaram 700 mil atendimento em todo território nacional.
A Liga de Medicina Complementar e Integrativa (LiMCI) é um espaço acadêmico alicerçado no tripé ensino, pesquisa e extensão cujos objetivos são discutir esse tema dentro da faculdade, promover um estudo das práticas complementares utilizadas na saúde brasileira, buscar a expansão das terapias complementares, criar um ambiente propício ao desenvolvimento de pesquisas nesta área e respeitar a medicina complementar como escolha de cuidado com a saúde, considerando seus riscos e benefícios, principalmente quando associados à terapêutica tradicional.
Ela se estrutura em simpósios e atividades práticas. São 4 simpósios anuais que englobam algumas das principais práticas complementares disponibilizadas no SUS ou aceitas pelo conselho federal de medicina (homeopatia, acupuntura, fitoterapia, medicina chinesa, hipnose) e são abertos aos alunos do 1º ao 6º ano de medicina e também a outros cursos e faculdades. As atividades práticas são restritas aos ligantes e constituem-se de visitas a instituições de ensino com trabalhos nesta área e desenvolvimento de projetos de extensão em escolas e voltados para a população geral. Os simpósios são independentes, porém para ser ligante é necessário ir a três dos quatro eventos e é necessário ter 75% de presença nas atividades práticas.
Nesses 6 anos de existência da liga, o estudante pode perceber a importância de uma relação médico-paciente centrada na pessoa, que valorize e respeite a fala do outro, bem como sua cultura, crenças e credos, aumentando, com isso a adesão ao tratamento. Foram feitos projetos como ‘Plantando Saúde’ em que a população aprendeu a montar uma horta caseira, a plantar e a cultivar algumas plantas indicadas para o tratamento de doenças do trato respiratório superior, ‘Quiz das plantas’, em que, de uma forma lúdica, foi ensinado sobre as indicações e uso correto de plantas medicinais que são fornecidas nas clínicas de família como fitoterápicos e ‘Um passeio sobre as práticas complementares’ em que buscou-se divulgar as terapias complementares através de banners, folders, vídeos e rodas de conversa. Ademais, foram montados projetos de pesquisa, a fim de avaliar o conhecimento da população, de estudantes de medicina e de médicos quanto as práticas complementares. Além disso, foram apresentados trabalhos em diversos congressos.
A LIMCI, nesse sentido, é um espaço singular de ensino, pesquisa e extensão e sua importância se torna ainda maior visto que a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) se manteve resistente ao avanço das práticas complementares, deixando uma lacuna a ser preenchida na formação de seus médicos.”
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